Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16)
Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.
Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).
ERRO CRASSO
Significado: Erro grosseiro.Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos
generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos , tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este
último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na
vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e
simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca
visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos,
sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair.
Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro
estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso".
Significado: Ter dinheiro para
viver.
Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objecto de
adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado
para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e
eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e
acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos legais. Por
exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867,
por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até
ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia: «A mulher não
pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do
casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes,
uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente, contanto que
não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»
Significado: Muito antigo.
Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três
tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num
movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta
dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny
Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria
Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem)
era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora,
zombeteira.
Significado: Viver com luxo e
ostentação.
Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean
Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão
francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela
capital.
Significado: Quantidade
excessiva; demasiado.
Origem: Dose para cavalo, dose para elefante ou dose
para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e
atendem às preferências individuais dos falantes.
Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o
elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses
exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado.
Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e
suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou
mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.
Significado: Sinal para
começar alguma coisa.
Origem: Trata-se da forma aglutinada da expressão «lá,
mi, ré», que designa o diapasão, instrumento usado na afinação de instrumentos
ou vozes; a partir deste significado, a expressão foi-se fixando como palavra
autónoma com significação própria, designando qualquer sinal que dê começo a
uma actividade. Historicamente, a expressão «dar um lamiré» está, portanto,
ligada à música (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Nota: Escreve-se lamiré, com o r pronunciado
como em caro.
Significado: Ter boa memória;
recordar-se de tudo.
Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por
isso é uma das principais atracções do circo
.
Significado: Choro fingido.
Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento,
faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais.
Assim, ele chora enquanto devora a vítima.
Significado: Ser ou estar
muito fraco; estar sem recursos.
Origem: O feminino, neste caso, tem o objectivo de
humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata
é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na
realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão
humilhante a expressão como realmente é.
Significado: Relação sexual;
masturbação.
Origem: No passado, os chineses costumavam satisfazer
as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens
afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da
vítima.
Significado: Muito mal; de modo
muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e
parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com
parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo
conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida,
bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e
porcamente", sob protesto suíno.»(1)
(1) in A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta,
vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)
Significado: Diz-se a quem pretende ser mais do que é,
sobretudo dirigido a crianças ou inexperientes.
Significado: Morrer.
Origem: Segundo se diz, existiu um velho cemitério
mouro para as bandas das Olarias, Bombarda e Forno do Tijolo. O almacávar, isto
é, o cemitério mourisco, alastrava-se numa grande extensão por toda a encosta,
lavado de ar e coberto de arvoredo.
Após o terramoto de 1755, começando a
reedificação da cidade, o barro era pouco para as construções e daí
aproveitar-se todo o que aparecesse.
O cemitério árabe foi tão amplamente explorado
que, de mistura com a excelente terra argilosa, iam também as ossadas para
fazer tijolo. Assim, é frequente ouvir-se a expressão popular em frases como
esta: 'Daqui a dez anos já eu estou a fazer tijolo '.
in 'Dicionário de Expressões Correntes' ;
Orlando Neves
Significado: enfiada de
pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Origem: Forma de caminhar dos índios da América que,
deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.
Significado: Andar sem
destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a
outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo
para onde o navio que o reboca determinar.
Significado: Manifestação
efusiva de alegria.
Origem: Na Marinha, em dias de gala ou simplesmente
festivos, os navios embandeiram em arco, isto é, içam pelas adriças ou cabos
(vergueiros) de embandeiramento galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao
topo dos mastros, indo um dos seus extremos para a proa e outro para a popa.
Assim são assinalados esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se
manifestam da mesma forma.
Significado: Qualquer coisa
que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.
Origem: A tripeça é um banco de madeira de três pés,
muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada
idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba.
Significado: Esquecer
completamente um assunto para recomeçar em novas bases.
Origem: A tabula rasa , no latim, correspondia a uma
tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos
empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que,
antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio.
Também John Locke (1632 1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e
Descartes, partidários do inatísmo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem
princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo»,
dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem
ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum. Como adquire, então, as
ideias? Muito simplesmente pela experiência.»
Significado: Diz-se de pessoa
portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.
Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações
inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar
obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se
saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No
tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita
através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais
atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se
analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e
a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer
destas aves.
Significado: Uma verdade de La
Palice (ou lapalissada / lapaliçada) é evidência tão grande, que se torna
ridícula.
Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes,
senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama
tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação.
Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela
vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno
combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia,
compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos:
"O Senhor de La Palice / Morreu em frente a
Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia."
O autor queria dizer que Jacques de Chabannes
pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda
lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência.
Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão
apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não
dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de
Chabannes não teve culpa.
Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias:
La Palice ou La Palisse.
Significado: Ouvir muito bem.
Origem: Antes da II Guerra Mundial (l939 a l945),
muitos jovens sofriam de uma doença denominada tísica, que corresponde à
tuberculose. A forma mais mortífera era a tuberculose pulmonar.
Com o aparecimento dos antibióticos durante a II
Guerra Mundial, foi possível combater esta doença com muito maior êxito.
As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar
tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A
expressão «ter ouvidos de tísico» significa, portanto, «ouvir tão bem como
aqueles que sofrem de tuberculose pulmonar».
Significado: Ser esquecido;
ter má memória.
Origem: A origem desta expressão portuguesa pode
explicar-se pela relação de causalidade que, em séculos anteriores, era
estabelecida entre a ingestão de lacticínios e a diminuição de certas
faculdades intelectuais, especificamente a memória.
A comprovar a existência desta crença existe o
excerto da obra do padre Manuel Bernardes "Nova Floresta", relativo
aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória: «Há também
memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos
a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho
sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco».
Sabe-se hoje, através dos conhecimentos
provenientes dos estudos sobre memória e nutrição, que o leite e o queijo são
fornecedores privilegiados de cálcio e de fósforo, elementos importantes para o
trabalho cerebral. Apesar do contributo da ciência para desmistificar uma
antiga crença popular, a ideia do queijo como alimento nocivo à memória ficou
cristalizada na expressão fixa «comer (muito) queijo».
Significado: Um «acordo
leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em
relação a outro contratante que fica em grande vantagem.
Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma
expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela
como todo-poderoso.
Significado: Exclamação usada
para referir uma tragédia ou contra-tempo.
Origem: É uma alusão à fortaleza de Massada na região
do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às
forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um
suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador
Flávio Josefo.
Significado: perdoar ou
acobertar erro cometido por algum protegido.
Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos,
passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a
bênção.
Significado: Tem sentido depreciativo
usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional),
insignificância ou irrelevância.
Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente
do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais,
especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram
pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício
tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão "gatos
pingados" passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou
curiosidade para qualquer evento.
Significado: Conseguir
realizar um empreendimento que se afigurava difícil; levar a cabo uma empresa
difícil.
Origem: Expressão vulgarizada pelos exploradores
europeus, principalmente portugueses, devido às enormes dificuldades
encontradas ao penetrar o continente africano. A resistência dos nativos
causava aos estranhos e indesejáveis visitantes baixas humanas. Muitas vezes
retrocediam face às dificuldades e ao perigo de serem dizimados pelo inimigo
que eles mal conheciam e, pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso,
todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas "expedições em
África", eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos a
mostrar a sua coragem, a guerrear enfrentando o incerto, o inimigo
desconhecido. Portanto, estavam dispostos a " meter uma lança em África".
Significado: Estudar muito.
Origem: Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já
não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo
significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade,
recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por
isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o
que podia dar azo a " queimar as pestanas".
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